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Está Alguém Aí

É tarde
E o silêncio 

Rasgado das vozes
Baloiça
O eco vai
Vem
E torna a ir
Balança
Não luto
Luto
Verdadeiramente luto
Disléxico
Do negro, para o lado da rua
Eis a pedra
Não morro
Morro
Não, não fico quieto
Soluço
E os braços
O albatroz
Não sei porque me segura
É tarde
Tarde
Tão tarde
E esta tarde não ilumina o dia
Ou é a tarde
Tarde
Ou é esta noite que me enlaça
E eu não
Não me lembro onde pus a casa
Mas sei
Porque esqueci
É tarde
Tarde
Tão tarde
E eu não quero ir a outro nado-morto dia
Não vivo, vivo
É a tarde
Tarde
E desde que é noite que nada muda
A palavra emoldurada até à morte
Sorte, por tudo são devaneios
Calaram-se os cartazes
O chão sem fiador
O tempo subiu amorfo
Na penumbra estoirou a velhice
E na hora nada muda
Queria um tempo Humano também
E retorno à saudade
Adormecer nos versos
Outro dia
Até ser quente
Quente
Definitivamente
Quente

Está alguém aí



Está Alguém Aí, 2010, In Vestidos de Regadio, 2014 - Alberto Paulo Moreira Ferreira