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Rua Da Madeira

O vento sopra a boreal, aperto a palavra que parte, sinto o cansaço ser levado em defunto. No ar a conversa finda. O sangue é de narrativa real, as feridas fragmentos de ornato gemidos na fonte graça da eira. Inclinei-me ao mar, pelo caminho o relógio vergou-me ao combatente. Não fosse beber o sentido do som sem existencialismo transgénico e caía, caía e subia por aí, descendo. Nenhum dia se extingue inocente num fundo estéreo, nenhum princípio aprisionado harmoniza no vitral da existência. O habitual é um lugar onde se morre lentamente pela recusa de existir livre e natural. Ascendo a um buraco presente para a fusão do mar em sol maior. É o amor. É amor abrir os olhos sem emendas, sem o sangue e o degredo do costume. A revolução são duas esposas convidadas a latejar no limiar de enlevos imperiais, a elevar aos céus fios. O ar tem um odor sedimentar, ouve-se um choro e o cantar…


Rua Da Madeira, 2009, in Vestidos De Regadio, 2014, Alberto Moreira Ferreira